Lúcia fica sentida por não poder ver o fim da discussão do bonito casal, já que o ônibus arranca do segundo ponto da Avenida Lirinopólis.
Ela se lembra de como ela e Eduardo também formam um casal vistoso, de como ele a conquistou, das ligações em tardes vazias que colorem o resto do dia, de como ele ri quando ela rima frases sem querer, de como ele embola a língua quando bebe meio copo de vinho.
Nossa, aquela é a Cristina! Como ela emagreceu, pintou o cabelo e aquela cara...ainda é o André? Droga...o ônibus arranca.
De repente ela sente uma saudade dos tempos de Colégio, de quando descia naquele ponto da Henrique Lacombe morrendo de preguiça mais doida pra encontrar aquelas carinhas conhecidas que agora andavam tão sumidas da vida dela. Lúcia pensou que também não podia reclamar muito do sumiço dos outros, ela se ocupava com a faculdade pela manhã, a tarde trabalhava como funcionária pública e a noite dava aulas de inglês e estudava. Ela, aliás, estava cada dia mais exausta, mas sabia que isso ia passar...faltavam alguns meses para ela se formar.
23h37 e ela estava abrindo a porta de sua casa alugada num bairro antigo e tranquilo da cidade.
- Oi James! Oi garoto! Onde está o nosso moço? Já chegou? Hein?
Acaricia o pêlo bonito do cachorro.
Lúcia reparou que havia uma vela no centro da mesa posta, tentou desesperadamente se lembrar se era alguma data especial, não conseguiu pensar em nada. Eduardo entra na sala, está vestido com aquela blusa roxa que Lúcia adora.
Lúcia sorri e seus olhos brilham, intensos.
Eduardo traz o macarrão de forno, abre o Miolo tinto e puxa a cadeira para ela sentar. Lúcia senta extasiada e coloca a bolsa na cadeira ao lado. Antes de mais nada, ele tira a caixinha de veludo azul do bolso.
Um sorriso úmido e um sim.
2 comentários:
deve sim. Mas lendo o texto achei que já fossem casados...
é como se fossem...é que..ela é louca com tradições, sabe? Apesar disso contradizer muita coisa ;)
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