sábado, 13 de agosto de 2011

Em Setembro

Já não vou ser a mesma que espreme essas partes no papel marcado. Tudo pode não ser nada mas espero ter um dia enérgico, com esperança, ao menos. Sinto que ela está se desprendendo em blocos como quem desintegra um ecossistema inteiro. Onde vai levar esse desacerto, descompasso, desperdício. ''São apenas minhas esperanças retirantes'' disse o forte melancólico amigo, transbordado da bile negra que nos engoliu de nascença. As minhas se retiram num clarão frio azul. Talvez ele perceba, por saber demais de mim, de minhas pregas escuras, que o grande ''x'' é a coragem de deixar ir. Essa consciência foi socada outro dia. Já estava aqui mas a alegria covarde (alegria? Essa encenação que a gente acaba fazendo pra gente. Essa coisa que é bem triste, olhar no espelho patético, monólogo sem plateia). Preciso deixar escorrer, sabe. Já não posso cravar os dentes nisso, o mesmo enredo torto, batido, insuficiente. Nunca vingou, não vai. A verdade é que a única exigência que fiz é que fosse límpido. Verdade o estilo, a ideologia, o problema, os trejeitos, a irmã, a mão entrando da boca, o olho que salta, a tinta vibrante, essa espontaneidade livre. Livre,só. Sem precisar desses truques malditos que tanto fodem as coisas. Toda essa tinta tem cheiro de consolação, como se a resposta já fosse conhecida, já tivesse sambando em tudo que já sei e não sei que sei. E aqui esbarro, correndo em círculos, no pontapé inicial dessa invasão após meses. Será que é mesmo coragem a falta. Ou fortaleza, ou maturidade ou sanidade para deixar escorrer. Aquela frase que eu nem sabia habitar tanto em mim. Hilário. Às vezes queria que a minha percepção fosse uma coisa assim...paranormal. O medo é de que esse silêncio esteja dizendo tudo isso que preciso. E eu, sem ouvir, sem saber ou querendo ignorar solenemente. A cada atrito de sapato no chão, essa possibilidade, enfim.