A noite era sépia nas luzes amareladas - a tarde também tinha repetido a paisagem. A
desorganização de folhas secas, pequenas frutas roxas pisadas, galhos que faziam barulho no vento - era como contemplar seu próprio caos. A medida que a noite engolia cada espaço, cada vez mais furiosa, ela foi ficando fosca.
Sentia o perigo do lugar ermo, mas era maior nas engasgadas do músculo. As palavras marchavam em círculos, num combate sangrento, até que uma acabava por calar outra.
Sentia um vendaval sem fim- as folhas paradas- era quando separavam os rostos, depois daquele instante que não existe, é uma lacuna no tempo, flutua.
Ora parece uma bagunça de quarto, nenhum espaço no chão pra pisar, nada tem forma definida, nada se encontra. Ora é tarde fria que varre o sol pra baixo e acende a lua, cheiro de dama da noite. É a dor que não lateja, o cuidado sem circunstância, um amor que pede pra ver adiante, em conta-gotas.