cansei de rastejar, me esgueirar pelas suas vírgulas. Perdeu todos os vínculos? Perdeu? O que você sabe sobre mim? Apoio as mãos. Eu sinto balão cheio de ar, empurra as paredes, expande a borracha, pois há momentos em que a pessoa precisa morrer. É soprando que se vai. Joelhos no chão. Aliás, quer mesmo saber? saber sobre mim. O que há? O limite fraqueja, tênue segurança dele estar aqui. Abri os olhos, tateio a cama. Que será que é essa coisa vazia que não enche. Você nunca está satisfeita. E por quê? Essa paz que não dura.Tremo, plano médio. E morro, assim, na praia. Plano intermediário entre este e aquele que não alcanço. Passa o filme de você e eu, a tomada, melhores momentos. Tem sempre um chuvisco na tela. Acaba que vai minguando, essa posição de Macabéa. Tem mais (de) você aqui também. Jurei que não seria sobre você, agora é. Esse tanto de coisa que eu não sei e você nem pensa em me contar. Ela, aquele dia. Meu coração também não sentiu. Não esqueci nada daquilo. Penso,às vezes, e dói como se eu fosse o vidro espalhado no chão. A sombra do que podíamos ser e não somos. Ando mesmo com preguiça de todo mundo. Amor é erva daninha. O que tem de errado comigo? E você tem razão, eu preciso deixar. Sentir a faca na pele: é bom saber onde está a dor. Apoio, burlando o trato, em qualquer móvel, de pé, não sei usá-los. Já não quero parar.Você ir. A gente morre é pra ressurgir com mais propriedade. A verdade é que me senti 'eu', alegria de quem se lança, débil. Mas não enxergamos um ao outro, a noite alastrou fogareiro. Estou só, não resisto. Não promete o que não vai cumprir. Isso ele faz bem.
- Mas onde estão todas as cores? Misturadas, ele disse.
domingo, 16 de setembro de 2012
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
Das cinco
grito gutural
papel de parede embaixo das unhas
um corpo
penso em canibalismo
e análise.
mais 15 minutos,talvez?
sangue, tripas, a língua dilacerada
tilintar xícara-pires
papel de parede embaixo das unhas
um corpo
penso em canibalismo
e análise.
mais 15 minutos,talvez?
sangue, tripas, a língua dilacerada
tilintar xícara-pires
domingo, 22 de julho de 2012
segunda-feira, 14 de maio de 2012
segunda-feira, 7 de maio de 2012
sexta-feira, 13 de abril de 2012
segunda-feira, 26 de março de 2012
Retardo
Medo é que o tempo passe de maneira que eu não acompanhe,
A galopes ferrados
Medo é insistir na cisma, vontade maior de crer
Maldita criação de fadas
Malditos sonhos de hotel
Medo é abdicar de mim
Ter que devolver os anos
Ter que devolver o zelo
A mesma luz que faz ver o íntimo dos poros,
Cega em breu
Não quero cantar um hino torto
E me trancar em afirmações
Não quero ser déspota de corpo .
sexta-feira, 9 de março de 2012
Trinta
A noite era sépia nas luzes amareladas - a tarde também tinha repetido a paisagem. A desorganização de folhas secas, pequenas frutas roxas pisadas, galhos que faziam barulho no vento - era como contemplar seu próprio caos. A medida que a noite engolia cada espaço, cada vez mais furiosa, ela foi ficando fosca.
Sentia o perigo do lugar ermo, mas era maior nas engasgadas do músculo. As palavras marchavam em círculos, num combate sangrento, até que uma acabava por calar outra.
Sentia um vendaval sem fim- as folhas paradas- era quando separavam os rostos, depois daquele instante que não existe, é uma lacuna no tempo, flutua.
Ora parece uma bagunça de quarto, nenhum espaço no chão pra pisar, nada tem forma definida, nada se encontra. Ora é tarde fria que varre o sol pra baixo e acende a lua, cheiro de dama da noite. É a dor que não lateja, o cuidado sem circunstância, um amor que pede pra ver adiante, em conta-gotas.